AVC EM PACIENTES INTERNADOS PELO NOVO CORONAVÍRUS

     À medida que a pandemia se desenvolvia, diversos estudos observaram que o novo coronavírus apresenta afinidade pelo sistema nervoso, podendo causar diversas doenças neurológicas, como meningite, encefalite e acidente vascular cerebral (AVC). No entanto, os mecanismos específicos ainda são indefinidos, com probabilidade de multifatorial (invasão direta, inflamatório e autoimune). 
     Um estudo realizado na China mostrou que as manifestações neurológicas são encontradas em até 36,4% dos pacientes internados, sendo o AVC observado em cerca de 5%.
    Nos primeiros estudos, era observado que, em pacientes com infecção pelo vírus, o AVC isquêmico ocorria em maiores de 55 anos de idade, tipicamente com fechamento de grandes vasos. Porém, em publicações recentes nos Estados Unidos, percebeu-se aumento de até sete vezes no número de AVC em pacientes com menos de 50 anos.
     É importante destacar que, na suspeita de AVC, sendo relacionado ou não ao novo coronavírus, ou seja, se apresentar alguma alteração sugestiva como disartria (fala enrolada), paralisia facial (boca torta) ou déficit sensitivo/motor (fraqueza ou dormência de membros), deve-se procurar o serviço médico rapidamente (de preferência, com menos de 4 horas e meia do início dos sintomas), para que, com o tratamento adequado, o paciente tenha menor chance de ficar com sequelas para o resto da vida, assim como de evoluir para óbito. Segundo dados nacionais, o AVC é a segunda maior causa de mortes e a maior causa de incapacidade em nosso país.

(2º Tenente Matheus GURGEL Saraiva, Neurologista do Hospital de Guarnição de João Pessoa)

REFERÊNCIAS:
* Mao L, et al. Neurologic manifestations of hospitalized patients with coronavirus disease 2019 in Wuhan, China. JAMA Neurol; e 
* Munhoz RP, et al. Neurological complications in patients with SARS-CoV-2 infection: a systematic review. Arq Neuropsiquiatr